Seu
objetivo no longo prazo é tornar-se o primeiro país do mundo a eliminar a
circulação de dinheiro físico. A medida foi apresentada como parte de um pacote
de propostas para fomentar a produtividade de negócios. "A meta é cortar
os consideráveis custos administrativos e financeiros envolvidos no uso de
dinheiro", disse o governo dinamarquês.
Novos hábitos
Mas
isso é de fato possível? No caso da Dinamarca, isso parece não só provável,
como o governo parece estar em sintonia com os hábitos da população.Todos os
adultos do país têm um cartão de crédito, segundo a Comissão de Pagamentos
dinamarquesa, e os pagamentos com dinheiro físico sofreram uma redução de 90%
desde 1990. Hoje, apenas um quarto deles é feito desta forma.
Além disso, segundo uma pesquisa nacional, praticamente todos os
pequenos negócios aceitam pagamentos com cartões e, em dois terços deles, isso
pode ser feito com cartões internacionais.
Algo
parecido vem ocorrendo no Equador, onde o governo do presidente Rafael Correa
colocou em prática, em dezembro de 2014, um sistema de dinheiro eletrônico.
Um dos principais motivos era lidar com a exclusão financeira da
maior parte de sua população - e o celular tornou-se uma ferramenta para isso.
"Cerca de 40% da população economicamente ativa não tem
acesso a uma conta bancária", explica o economista Fausto Valencia,
diretor do projeto equatoriano. Mas 100% dos domicílios tem um celular.
O sistema é administrado pelo Banco Central do Equador e permite
realizar transferências entre usuários, compras e pagar passagens no transporte
público. Em breve, também será possível pagar taxas públicas.
Seu
funcionamento é simples. Uma conta é aberta com o celular, sem uso da internet,
discando *153#. Ela pode ser recarregada em lojas, e as transações são feitas
por meio de mensagens.
Valencia
acredita que, no futuro, o dinheiro físico estará extinto. "Em países como
Dinamarca ou Suécia, não levará muito tempo, porque não há problemas como
pobreza e exclusão social como nós. Mas o dinheiro eletrônico é o futuro. Meus
netos viverão em uma sociedade sem cédulas e moedas", diz.
Mesmo assim, ele reconhece que algumas barreiras ainda precisam
ser superadas. "Nas áreas pobres do Equador, temos um problema de educação
financeira que vamos combater com um processo de formação, para que os cidadãos
aprendam a usar o sistema", afirma.
Custo
Mas quais são as reais vantagens do dinheiro eletrônico?
Moedas e cédulas têm um custo de produção, armazenamento,
transporte, além de haver comissões para sacá-lo do banco.
Além disso, o Equador, por exemplo, precisa repor anualmente US$
1,3 milhão (R$ 3,9 milhões) em dinheiro físico que se deteriora.
Ao
México, custará quase um peso (R$ 0,20) para produzir cada um dos 1,32 milhões
de cédulas que serão necessárias neste ano, segundo a revista Excelsior.
E seus
habitantes gastarão quase 2,3 milhões de pesos com taxas relacionadas à
obtenção de dinheiro físico, segundo um estudo da Universidade de Tufts, nos
Estados Unidos.
Segundo os pesquisadores Bhaskkar Chakravorti e Benjamín
Mazzota, da Tuffts, cada americano passa 28 minutos por mês sacando dinheiro de
caixas eletrônicos. E, todos os mexicanos juntos, gastam 48 milhões de horas
por ano desta forma, segundo a mesma pesquisa.
Por fim, o dinheiro físico leva à evasão fiscal. O governo
americano perde US$ 100 milhões por ano com pagamentos em dinheiro não
declarados.
O dinheiro eletrônico ainda é mais ecológico. Valencia, do Banco
Central do Equador, alerta para o custo ambiental do dinheiro físico, não só
por sua produção e transporte, mas também por causa dos documentos exigidos
pela burocracia.Por fim, o dinheiro físico é pouco higiênico. Em 2011,
pesquisadores britânicos do Instituto BioCote chegaram à conclusão que tirar
dinheiro em um caixa eletrônico deixa uma pessoa tão exposta a bactérias quanto
usar o pior dos banheiros públicos.
Texto retirado do site:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/05/150518_dinamarca_fim_cedulas_moedas_dinheiro_rb
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